terça-feira, 25 de junho de 2013

Jazz

Naquela semana, todas as noites foram noites de jazz.

Por um lado, havia aquela base que dava suporte para todo o resto. Assim como o blues faz para o jazz, alguns manifestantes estiveram ali todos os dias para reivindicar a redução da tarifa do transporte público. Eram a base, as notas certeiras que ofereciam o ritmo para os demais sons que viriam se juntar a elas.

Por outro, havia quem viesse para improvisar. No lugar das clarinetas ou trompetes, os cartazes. E, a cada manifestação, uma surpresa sobre o som que fariam. Estava ali a criatividade de um músico de jazz. Nunca haviam ensaiado antes. Um, certamente, não poderia prever o que o outro ia reivindicar. Mas, criaram um lindo - ainda que não tão harmônico, - arranjo improvisado. Sem maestro nem nada. 

Exatamente como em consecutivos shows de jazz, nenhuma noite foi igual a outra. E nem precisava ser. Os sons eram diferentes, os focos dos músicos não eram os mesmos. Provavelmente, não teriam sido ouvidos tocando isoladamente. Mas, juntos não poderiam ser ignorados, mesmo com as notas meio embaralhadas.

A música faz isso com a gente. Faz a gente querer dançar. Não dá para explicar o que nos move. De repente, o corpo levanta da cadeira e quer sacudir. Às vezes, só sacudir os ossos, às vezes, sacudir todo um país.

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