segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mundo encantado - Especial dia das mães


Não eram raras as tardes de domingo em que delicadamente sentava-se na frente da mãe que assistia à algum filme ou lia uma revista qualquer e a encarava. Ficava em silêncio, até que ela a reparasse. Às vezes, levava alguns minutos. Então, quando os olhares se encontravam, abria aquele sorriso pidão que ambas sabiam muito bem o que queria dizer.

Sem dizer nenhuma palavra, a mãe levantava e ia junto com a filha para perto do armário. A menina sorria como se estivesse diante de algum mundo encantado, desses que apareciam nas histórias que ouvia antes de dormir. Esticava o bracinho e apontava para os pares de sapato com os saltos mais altos, os colares de perólas, os batons avermelhados e alguma saia que lhe serviria como vestido. No seu mundo encantado, a mãe era a princesa e ela queria, por alguns instantes, se sentir como tal.

Colocava um pé de cada sapato, saía caminhando toda desajeitada e ia mostrar para o pai. Voltava e se enchia de colares. Entre uma escolha e outra, tinha oportunidade de ouvir a história de quando a mãe ganhou cada uma das jóias. Foi assim que conheceu episódios sobre a festa de 15 anos da mãe ou do seu avô que era ourives. O batom todo borrado registrava um beijo sorridente de agradecimento no rosto da mãe depois que já tinha voltado a colocar o seu próprio pijama.

Hoje, anos depois, a filha virou mãe. Empresta as suas coisas para a sua pequena. Entre um colar e uma saia, aproveita para contar as histórias da sua mãe, agora avó. Um passeio rápido pelo tempo por meio daquele armário encantado. Ao olhar a sua filha vestida de gente grande, se pega muitas vezes pensando como gostaria, por alguns instantes, de caber nas suas roupinhas e terminar o dia com a cabeça deitada no colo da sua mãe ouvindo uma história sobre uma princesa em qualquer mundo encantado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário