
Sua loja era de flores. E aquele domingo era de dia das mães. Apesar do
grande fluxo de pessoas na loja, ele fazia questão de conversar com cada
cliente que passava por ali e, depois de escolhido o arranjo, encontrar um
espacinho para que escrevesse um cartão para acompanhar o buquê.
Passava todo tipo de gente por ali. Tinha pai que estava escolhendo as
primeiras flores que a esposa ganharia na vida em um dia das mães. Como seus
filhos ainda eram bebês, representavam eles que ainda não sabiam escolher o
presente. Havia também os filhos que compravam dois ou três buquês.
Contrariando a ideia de que só temos uma mãe, levavam rosas para suas mães e
avós. Alguns, decidiam presentear inclusive suas sogras. Tinha filho único e
filhos que vinham em bandos com os irmãos. Esses demoravam para escolher se a
mãe gostaria mais do copo de leite ou das flores do campo. Alguns clientes gostavam
de saber do significado das flores. Outros já chegavam e pediam logo as que
sabiam ser as preferidas das suas mães.
Cada um desses visitantes levava as flores, mas deixava algo por ali. No
fim do dia, quando não havia mais
ninguém, caminhava entre as prateleiras sentindo o espaço de sua
pequenina venda preenchido pelo amor transbordado pelas dezenas de filhos que
estiveram por ali. Misturado com o cheiro das flores, podia respirar um aroma
de afeto espalhado por eles. Quase podia enxergar a energia positiva que
pairava no ambiente. Aproveitou, então, para contribuir um pouquinho com essa
atmosfera. Montou seu último arranjo. Doze rosas colombianas. Fechou a loja e
foi encontrar a sua mãe. Ela foi presenteada com aquele arranjo que acumulava,
entre seu laço de fita e as suas pétalas, esse astral delicioso de loja de
flores em dia das mães.
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