
Um vendedor de mapas se aproximou do seu carro. Ele poderia ter balançado a cabeça negativamente e ter seguido seu caminho. Mas, não foi isso que fez.
- Por que o senhor está fazendo isso? Você realmente acredita que alguém possa comprar um mapa mundí no farol? É isso mesmo? Imagina só, o indivíduo voltando para casa e pensando que precisa parar para comprar lâmina de barbear, leite e um mapa! Vai procurar umas balas ou carregadores para vender, meu chapa!
O vendedor parado, com os 5 continentes abertos na sua frente em silêncio. Ele só ouvia a sua própria voz. É estranho ouvir a sua própria voz. Se deu conta da situação rídicula que protagonizava e ficou com vergonha. A vergonha era menor do que a raiva acumulada no dia. Continuou. Falava tão alto que ficou com a sensação de que poderia ser ouvido nos quatro cantos daquele mundão estampado no mapa. Se imaginou ali, no cantinho da América do Sul. Um pontinho enfurecido. Um pontinho no rodízio, sem celular e sem óculos. Parou de gritar, abriu a carteira e comprou o mapa.
Chegou em casa, pregou ele na parede em cima da sua cama e foi dormir. Deitou-se de certa forma aliviado lembrando de que o mundo estampado em sua cabeceira não acabaria por conta de dias ruins cheios de problemas-pontinhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário