segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Amor de carnaval

Foi um amor de carnaval. No meio daquele bloquinho de cores e amores, eles se cruzaram. Foi um desses encontros que jamais teria acontecido se ele não tivesse parado para comprar uma cerveja ou ela para tirar uma foto com as amigas. O timing foi perfeito. Acabaram lado a lado, cantando a mesma marchinha. 

Se não fosse o fato de as outras milhares de pessoas estarem também cantando a tal da marchinha, teria sido uma dessas coicidências que marcam o começo de uma história de amor. Provavelmente, teriam tido um segundo encontro em algum bar na Vila Madalena onde, entre uma risada e outra, descobririam ter um amigo em comum. Teriam se encontrado outras vezes nos finais de semana, até passarem a se ver também durante a semana. Descobririam que não tinham o mesmo gosto para cinema, mas que compartilhavam o desejo de fazer uma viagem pela América do Sul. Viajariam para uma praia perto de São Paulo. Apresentariam o outro para os amigos e sairiam com certa frequência com casais formados por alguns deles. Passariam a ficar confortáveis com o silêncio do outro. Cozinhariam juntos, enquanto ela comentaria sobre o novo paquera de uma amiga ou ele falaria sobre o que aconteceu no seu dia. Passariam a se ligar para dar boa noite e para acordar o outro na manhã seguinte. Ela daria presentes para mãe dele no Natal e ele assistiria ao futebol de domingo com o pai dela.

Mas, nada disso foi. Trocaram apenas alguns beijos. Nada de telefones, encontros na Vila Madalena, futebol com o pai dela ou ida a América do Sul. Apenas, aquele momento. O timing foi perfeito. A marchinha não marcou o começo de uma história de amor. Na verdade, embalou toda ela. Aquele amor de carnaval, que durou o tempo do desenrolar de uma serpentina.

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