
Falou de suas dúvidas com a professora. Com
toda delicadeza, pediu para que ela lhe mostrasse o tempo. Ela, bastante experiente
e cuidadosa, abriu o livro que trazia na sua bolsa em uma página que estava
dividida em quatro partes. Em uma delas, havia um sol desenhado. Em seguida,
uma flor cor-de-rosa. Depois, havia um gorro e um cachecol. E, por fim, uma
árvore sem folhas. Falou das quatro estações do ano. Apresentou uma a uma e
concluiu a resposta dizendo que essa era uma forma de ver o tempo. Com o passar
dele, ano a ano, experimentamos cada uma dessas épocas. Pode ser que os meses
sejam uma invenção do homem, mas as estações não o são. A cada três meses,
independetemente de nossa vontade, elas se alternarão. São grandes indícios da
passagem do tempo.
Ele ainda não estava convencido e, naquela
noite, dirigiu a mesma pergunta ao pai. Sem hesitar, o pai pegou uma foto em
que estavam os dois, pai e filho, no dia em que ele havia nascido. Lembrou a
criança de que ele já havia sido daquele tamanho em que estava na foto. Os
muitos centímetros a mais que tinha hoje eram sinais da passagem do tempo.
Assim como os fios brancos que passavam a descolorir a cabelereira do pai.
No dia seguinte, foi com a mãe ao supermercado
ainda pensativo. Para ele, esse era um de seus passeios preferidos. Adorava
acompanhar a mãe por entre as prateleiras e escolher os produtos. Iam sempre no
mesmo mercado e ele sabia onde encontrar cada coisinha. Naquela manhã, a tão
conhecida loja estava diferente. Havia coelhos por todos os lados. Acima de
suas cabeças, um céu todinho feito de chocolates. Ovos de todos os tamanhos e
cores faziam seus olhos brilharem e a boca salivar. Visita a visita esperava
aquele momento do ano chegar, a Páscoa. E, finalmente, ali ela estava.
Caminhando entre os chocolates se deu conta, de
repente, do que afinal era o tempo. O tempo é essa espera por algo que amamos justamente
por acontecer somente de tempos em tempos.
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