Ele
colecionava dedicatórias. Muito mais interessantes do que as histórias contidas
nas páginas dos livros, considerava as histórias de quem tinha sido dono de
cada um deles. Quando questionado sobre o motivo da excêntrica coleção, ele
dizia que as histórias dos livros eram misteriosas até sua última página.
Depois disso, ao acabar a leitura, estavam desvendadas. As dedicatórias não.
Elas eram como pistas de uma histórias que nunca seria completamente descoberta.
E era disso que gostava, de imaginar como se pareciam os autores das
dedicatórias e que relação travavam com aquele que foi presenteado com o livro.
Amava ainda mais os livros que tinham anotações ou frases grifadas, afinal eram
outras pistas que compunham com a dedicatória e permitiam projetar ainda mais
os personagens que manuseram os livros.
Aos poucos,
passou a frequentar encontros de leitores nos sebos onde adquiria os itens de
sua coleção. Não ia para participar de discussões, mas sim para tentar ligar as
histórias imaginadas com as pessoas ali presentes. Será que aquele rapaz é o
que recebeu o livro de faculdade usado anos antes por seu pai? Aquela senhora
poderia ser a autora da dedicatória escrita com uma grafia semelhante àquela que se costuma encontrar em convites de casamento. Seria aquele
casal o protagonista das juras de amor picantes com as quais já tinha se
deparado mais de uma vez?
Os donos
dos sebos queriam saber porque ele não conversava com cada uma dessas pessoas.
Bastariam alguns instantes para confirmar se eram de fato os autores das
dedicatórias e, mais do que isso, para ele descobrir mais sobre suas histórias. Ele sempre dava a mesma resposta:
- Você tem
a oportunidade de conversar com os personagens de livros que lê? Eles deixariam
de ser tão encantadores caso o fizesse.
De uns
tempos para cá, ele decidiu incluir dedicatórias nos livros que dá de presente
também. Sempre na contra capa, escreve algo para quem vai receber a obra. Mais
escondido, atras da orelha, ele costuma deixar um recado para sua suposta
metade da laranja, como ele mesmo gosta de dizer. Na história em que imaginou
para si mesmo, seu grande amor é também uma colecionadora de dedicatórias que,
no clímax de suas vidas, encontrará esta pista-chave para seu coração. Então,
deixarão as dedicatórias, para se dedicar um ao outro.
Que a sua sensibilidade domine o mundo, que para tão poucos é como uma aquarela... Que todas as misturas se tronem cores que agradem os olhos, e que nos façam perceber como há uma possibilidade quase que infinita de coloridos, basta observar....
ResponderExcluirQue o colorido do seu mundo, esteja sempre colorindo o colorido do meu, e que eu possa morrer achando vc, uma das minhas cores favoritas.
um beijo, meu laranja, vc não existe.
Eu te amo
Ótimo Bruna. Parabéns.
ResponderExcluirBjinhos.