quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ponto de (des)encontro

Era um ponto de encontro. Um cantinho que parece ter sido estrategicamente desenhado para que as pessoas que por ali passassem o usassem para achar aqueles com quem tinham marcado um almoço, uma reunião, um passeio. Ficava na saída de uma estação de metrô e tinha um banquinho, ideal para o primeiro que chegasse esperar pelos próximos. 

- Onde nos encontramos, então?
- Saindo da estação, você vira a direita e vai dar de cara com um banco. Eu vou estar lá!


Não tinha erro. Era quase impossível não ver o banco. Instalado no meio de uma movimentada via paulistana, ele destoava de tudo ao seu redor por lembrar um banco de algum século anterior. Os encontros sempre funcionavam, assim como os desencontros.

Era também um ponto de desencontro. O banco muitas vezes era ocupado por aqueles que não esperavam por ninguém. Sentavam ali para descansar da caminhada, para ler um livro, para fazer hora, para atender ao celular, para ver as pessoas passarem. Ele acomodava duas pessoas confortavelmente que ficavam bem próximas fisicamente, ainda que, em geral, seguiam com pensamentos distantes.

Assim, o cantinho foi cenário dos mais diversos desencontros. Houve o dia em que foi dividido pela menina que ouvia música no Ipod enquanto pensava no roteiro de sua viagem para o Peru e o rapaz que esperava as fotos da sua ida ao mesmo destino serem reveladas em um loja ali perto. Também aconteceu de sentarem lado a lado um universitário recém vindo do interior que buscava apartamento na nova cidade e um formando que deixaria a sua república no próximo mês. O pianista e o produtor de um musical, o fotógrafo e a noiva, a mãe de gêmeos e a outra mãe de gêmeos, o viúvo e a viúva, o fã de Madonna louco para ir ao seu show e o não-tão-fã de Madonna querendo vender seu ingresso, um filho preocupado com a doença de seu pai e o paciente que havia se curado da mesma, o dono de um guarda-chuva grande e a garota que esqueceu o seu em casa em dia de chuva. Durante algum momento da história daquele banco, estes pares estiveram lado a lado.

Incontáveis ideias, ingressos, guarda-chuvas, experiências, beijos, conselhos, dicas de viagens, oportunidades ficaram por ser trocados naquele famoso ponto de desencontro da cidade.



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