
Costumava almoçar sozinho em uma lanchonete que dava de frente para o portão de desembarques. Seus olhos não passavam nenhuma vez nem pelo cardápio, velho conhecido seu, muito menos pelo lanche entregue pela garçonete. Comia a refeição toda observando as chegadas. Quando dava sorte, presenciava reencontros marcados por flores, beijos, lágrimas, faixas. Em outros dias, deixava a lanchonete com o estômago cheio e o coração vazio de esperança ao ver o sorriso estampado na cara da moça que desembarcou vindo do outro lado do mundo se desfazer ao reparar que quem quer que fosse que pudesse estar lá para buscá-la, não estava.
Durante um tempo, preferia disfarçar sua presença. Esforçava-se para fazer de conta que não prestava atenção no que acontecia diante do portão de desembarques. Aos poucos, foi se sentindo mais à vontade e deixava-se emocionar com o que via. Ria, sorria e as vezes até derrubava alguma discreta lágrima como se estivesse assistindo a um filme.
Nos últimos meses, seus almoços foram tomados por uma nova sensação. Estranhamente, sentia-se como se esperasse algo também, assim como o rapaz segurando um buquê de flores.Não sabia extamente o que era que despertava essa sua ansiedade. Ficava na esperança de que a resposta sairia caminhando de dentro daquele portão em sua direção para mudar sua vida, lhe entregar uma passagem para qualquer lugar, acabar com seu medo de avião e matar as saudades de algo que nunca havia tido.
De sua casa para o aeroporto, do aeroporto para sua casa. Na mesma lotação em que viajava todos os dias, a garçonete da lanchonete que dava de frente para o portão de desembarques esperava algo. Não sabia exatamente o que era, mas ficava na esperança de que a resposta entraria caminhando para dentro daquela van em sua direção para mudar sua vida.
De sua casa para o aeroporto, do aeroporto para sua casa. Na mesma lotação em que viajava todos os dias, a garçonete da lanchonete que dava de frente para o portão de desembarques esperava algo. Não sabia exatamente o que era, mas ficava na esperança de que a resposta entraria caminhando para dentro daquela van em sua direção para mudar sua vida.
Lindo texto! En passant, pode estar acontecendo algo, que só com as lentes coloridas podemos perceber.
ResponderExcluirExatamente, tio! As vezes, prestamos atenção em coisas maiores e deixamos de lado pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença!
ExcluirBruna, você me deixou emocionada...e muito, diga-se de passagem!
ResponderExcluirQue ótimo saber disso! É muito especial saber que um texto consegue emocionar o leitor. Obrigada por compartilhar a sensação!
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