terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Arco-íris

- Mãe, chuva e sol são contrários, né? A professora que falou.

- É sim, filha, por quê?

- Porque, mesmo sendo contrários, pode fazer chuva e sol ao mesmo tempo, certo?

- Certo, meu amor.

- E quando faz sol e chuva ao mesmo tempo, forma um arco-íris, não é?

- Exatamente, filha! Você entendeu tudo certinho!

- Então, eu posso dizer que arco-íris é o encontro de contrários?

- O que você quer dizer?

- Ué, que quando dois opostos acontecem ao mesmo tempo faz um arco-íris, não é? Por exemplo, a vovó é velhinha. Mas, quando ela brinca comigo de uma coisa de criança faz um arco-íris, não faz?

- Faz, filha? Onde?

- Não sei onde ele acontece, mas sei que deve aparecer em algum lugar. Sempre que eu vejo um arco-íris fico tentando imaginar qual foi o oposto que formou ele, sabe? Porque já teve vezes que eu vi um arco-íris e não tinha nem sol e nem chuva. Então, só pode ser porque algum contrário se encontrou em algum lugar do mundo! É tipo no primeiro dia de aula. Eu não consigo dormir direito. Fico em dúvida se é porque estou com medo da turma nova ou se é porque estou animada para encontrar meus amiguinhos, sabe? Não é uma sensação muito boa, na verdade. Mas, pelo menos forma um arco-íris.

A mãe ficou sem resposta. Queria dizer algo para a filha, mas não sabia exatamente o que era. Podia oferecer uma longa explicação sobre o fenômeno natural que formava o arco-íris. Mas, estragaria a importante descoberta da menina de que tudo bem ficarmos ambivalentes com sensações conflitantes ao mesmo tempo. Queria dizer que se sentia orgulhosa por sua sensibilidade. Não sabia como. Acabou dando um abraço na pequena. Um abraço desses que diz muito no seu silêncio. Desses que funciona como ponto de encontro de um contrário e forma um arco-íris por aí.

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